Eu, sumida
Oi, eu sei que tô sumida e você talvez nem tenha percebido, é verdade. Mas esse texto não é pra você. Tá liberado rolar o feed, eu juro que não vou ficar chateada, sério. Esse texto é pra você. É, isso mesmo, pra você que acabou de esboçar um sorriso ao ler essa última frase. O motivo do meu sumiço é que as redes sociais têm me causado uma enorme ansiedade e, vez ou outra, eu preciso desacelerar, dar um tempo. Você já se sentiu assim? Tenho certeza que sim e desconfio que a pandemia seja a principal culpada dessa exaustão coletiva. E, se antes desse momento pandêmico já estávamos completamente entregues às telas, agora, três anos depois, já não conseguimos existir sem elas. É o “novo normal”, eles disseram.
É também verdade que, de uns tempos pra cá, eu andei meio triste e desmotivada. E sim, a pandemia teve um papel central, claro. Afinal de contas, quem não perdeu algum ente querido ou algum conhecido nesse período pandêmico? Desconfio que ninguém. Não passaremos incólumes à pandemia, não mesmo. Eu, por exemplo, perdi o meu pai. É, não foi fácil — ainda não é. Essa pandemia tirou todo mundo dos eixos e vamos combinar? Nunca na vida eu imaginei que viveríamos uma pandemia, nunca. Tá, eu sei que os cientistas já vinham nos alertando há tempos, mas quem ouve os cientistas? O inquilino de Brasília que não é.
Mas, voltando às redes, tenho a sensação que houve uma mudança enorme e, se no Twitter a virulência está cada dia maior, no Instagram as pessoas vivem numa realidade paralela e sem Covid, é claro. (Três anos depois e nada de coronavírus. É um caso a ser estudado, definitivamente). Você também notou? Parece que todo mundo virou produto de si mesmo e aquele papo da grama do vizinho ser mais verde é, de fato, muito real. E aí fica a questão: será que existe felicidade genuína sem comparação? Eu tenho lá as minhas dúvidas. Talvez seja uma opinião muito pessoal, mas a minha percepção é que o parecer tem muito mais valor (e gera mais click) do que o ser. Não é preciso ir muito longe para constatar que as aparências enganam e, convenhamos, que coisa mais exaustiva viver da aparência, não é mesmo? Bom, eu acho.