Memórias culinárias
Sou uma criatura de hábitos. Gosto de rotina e das coisas simples do cotidiano. Pra mim, todas as refeições deveriam ser servidas à mesa e, de preferência, compartilhadas. O café da manhã sempre foi minha refeição favorita. Desde sempre. Na época da escola era meu pai quem preparava. O cardápio era simples, mas muito saboroso: bananas com mel, melancia cortada em cubos com um toque de açúcar, torradas com manteiga — uma delícia. Minhas memórias estão sempre conectadas à cozinha. Lembro que viajei com meus pais para Fortaleza durante minhas férias escolares e na casa que alugamos não tinha torradeira, então meu pai fazia o pão na frigideira. Ele pegava uma fatia de pão de forma, punha um pouco de manteiga na frigideira e começava aquela magia que só acontece na cozinha: o pão dando piruetas no ar, o som do pão tocando a frigideira e o cheiro levemente queimado. E eu ficava ali, maravilhada, pensando em como o meu pai era incrível. Hoje, mais de vinte anos depois, longe de casa e morando sozinha, tento — nos finais de semana — sentar e tomar um café mais demorado, na esperança de me reconectar àquelas memórias.