Travessa
Entro na Travessa e vou em direção ao café que, como de costume, está cheio — só há uma mesa disponível. Cheguei na hora certa. Na mesa em frente, uma cena chama a minha atenção: um casal de rapazes que não se larga. Há um entrelaçar de dedos. E eles se tocam e se olham e se cheiram. Tudo é muito tátil. Dá pra ver que estão apaixonados. Algumas pessoas observam de longe, enquanto outras se ajeitam nas suas cadeiras. Eu sigo hipnotizada por essa cena. É palpável o amor ali. Por parte deles não há constrangimento algum, nem dúvida. Olho para o relógio e me dou conta que já são 19h15. Tenho que ir pra casa. Tô com fome. Peço a conta e me levanto para ir embora, mas o casal permanece ali, alheio aos outros e ao tempo. Mal sabem eles que o café fecha às 19h30. E quer saber? Se eu fosse eles também não desperdiçaria tempo algum.
